Autores: Glaucia Margonari Bechara Rodrigues*, Fani Eta Korn Malerbi**, Priscila Firmino Gonçalves Pecoli*** e Adriana Costa e Forti ****
Editor Chefe: Marcello Bertoluci
Ultima revisão em: 18/11/2021
DOI: 10.29327/557753.2022-23 | Cite este Artigo
Introdução
Os fatores psicossociais são as influências mais importantes que afetam o cuidado e o tratamento do Diabetes Mellitus (DM)¹. A psicologia tem colaborado com outras áreas de pesquisa em saúde para obter uma melhor compreensão dos fatores comportamentais, afetivos e cognitivos que influenciam o autocuidado do DM² além de desenvolver uma abordagem integral e centrada na pessoa com DM, estabelecendo estratégias de avaliação e intervenção.3
O DM representa um desafio constante para muitas pessoas com dificuldade em aderir ao estilo de vida e às mudanças comportamentais necessárias para promover o controle eficaz da glicemia e prevenção de suas complicações.4 A comunicação centrada na pessoa tem sido associada à melhora no conhecimento a respeito da doença5, no autocuidado6, no controle glicêmico7,10 e na qualidade de vida11. É importante incorporar uma avaliação psicossocial no atendimento de rotina e fazer os encaminhamentos necessários, em vez de esperar que ocorra uma deterioração do estado metabólico ou psicológico.12,13
Escalas de avaliação
Escalas foram elaboradas para avaliar os comportamentos relacionados ao automanejo e os aspectos psicossociais do DM, algumas já traduzidas para o português e adaptadas para a população brasileira.14,15 A Tabela 1 apresenta as escalas validadas em português.
Tabela 1 – Escalas para avaliar comportamentos relacionados ao automanejo e aos aspectos psicossociais do DM adaptadas para a população brasileira Fonte:14
Rastreamento de comorbidades psiquiátricas
A presença de comorbidades psiquiátricas, tais como depressão, ansiedade e desordens alimentares, tem sido associada consistentemente à não adesão ao tratamento medicamentoso, ao controle glicêmico inadequado e ao desenvolvimento de complicações relacionadas ao DM.35,36
O rastreamento de comorbidades psiquiátricas deve ser encorajado na atenção primária pela equipe de saúde, e precisa ser capaz de reconhecer quadros de depressão, ansiedade, diabetes distress e transtornos alimentares, diferenciando-os das dificuldades rotineiras relacionadas ao manejo do diabetes.39
O diabetes distress (DD) é uma resposta emocional à convivência com o DM, às preocupações específicas da experiência de lidar com uma doença crônica grave, complicada e exigente.39,40 Também pode surgir do impacto social do diabetes relacionados ao estigma, à discriminação ou à falta de entendimento das pessoas.41,42 Identifica-se a presença de DD quando os critérios para o diagnóstico dos transtornos psiquiátricos não são atingidos. O impacto do DD não deve ser subestimado e precisa ser diferenciado dos transtornos psiquiátricos clássicos, 43,44 por serem mais prevalentes.36
Intervenções psicossociais
As intervenções psicossociais em pessoas com DM devem ser aplicadas por psicólogos com o objetivo de ajudá-las a melhorar sua condição de saúde. Geralmente abrangem áreas relacionadas às crenças, às estruturas cognitivas, aos problemas emocionais que impactam o bem-estar, além de comportamentos de autocuidado e estratégias de enfrentamento do estresse.45,46,50
Quadro 1. Principais situações que justificam o encaminhamento de uma pessoa com DM a um psicólogo ou psiquiatra
Recomendações
Acolhimento colaborativo
R1 – É RECOMENDADO aos profissionais de saúde que façam um acolhimento colaborativo, com empatia e isenção de julgamento, centrado na pessoa com DM, para que esta possa desempenhar papel ativo no planejamento, no monitoramento e na avaliação das dificuldades e nos cuidados com sua condição metabólica.
Classe I | Nível A |
- Uma metanálise envolvendo 106 estudos de correlação e 21 experimentais mostrou um risco 19% maior de não adesão ao tratamento para diversas doenças nas pessoas cujos médicos comunicavam-se mal, comparativamente ao grupo cujos médicos comunicavam-se bem.52
- Uma revisão narrativa identificou, em 68 artigos, importantes áreas relacionadas ao uso da linguagem dirigida a pessoas com DM. Os dados mostraram que, enquanto a linguagem cuidadosamente escolhida pode ter um efeito positivo, há um impacto potencialmente negativo do uso de palavras estigmatizantes e discriminatórias na comunicação entre profissionais de saúde e pessoas com DM, que pode levar ao afastamento dos serviços de saúde e a um automanejo inapropriado. A existência de barreiras linguísticas ou a compreensão limitada das diferenças culturais também podem ter impacto negativo no autogerenciamento do DM. As evidências existentes mostram que o treinamento de profissionais da saúde pode melhorar habilidades de linguagem e comunicação com as pessoas com DM.51
- Uma metanálise, envolvendo 13 ensaios clínicos randomizados (ECR) com adultos (n= 11.514 dos quais 8.117 com DM) avaliou como diferentes intervenções planejadas para melhorar habilidades de comunicação do profissional de saúde afetaram os resultados de saúde. Os desfechos avaliados foram: perda de peso, pressão arterial, medidas de controle glicêmico e aspectos psicossociais (ansiedade e depressão). Os resultados mostraram que a relação médico-paciente teve um efeito pequeno, mas estatisticamente significativo (p = 0,02) sobre os indicadores de saúde.53
- Um estudo retrospectivo que incluiu 20.961 pessoas com DM1 ou DM2, acompanhadas por 242 médicos de cuidados primários, demonstrou que os pacientes hospitalizados, sob a responsabilidade de médicos com altos escores de empatia (Escala de Empatia de Jefferson), comparados aos pacientes de médicos com escores moderados e baixos, tiveram uma taxa significativamente menor de complicações agudas (estado hiperosmolar, cetoacidose e coma): 4,0, 7,1 e 6,5 por 1.000 pacientes, respectivamente, p<0,05).54
- O estudo transversal Diabetes Attitudes, Wishes and Needs (DAWN) que incluiu 5.104 pessoas de 13 países (metade dos participantes usava insulina; quase um terço tinha DM1 e mais de um quarto DM2 em insulinoterapia) mostrou uma associação entre colaboração e disponibilidade de atendimento da equipe de saúde e resultados positivos autorrelatados como bem-estar, autogestão e controle do diabetes. O acesso aos profissionais de saúde foi avaliado como bom pelos participantes (média 3,31 ± 0,66 numa escala de 1 a 4) e a relação com esses profissionais recebeu uma avaliação ainda melhor (média 3,42 ± 0,54 numa escala de 1 a 4). A maioria dos participantes relatou níveis moderadamente baixos de DD e níveis moderados de bem-estar geral (média 54,7 ± 23,0% numa escala de 1 a 100). A adesão às recomendações médicas foi alta (média 3,48 ± 0,83 numa escala de 1 a 4). A adesão às recomendações quanto ao estilo de vida também foi boa (média 3,06 ± 0,77 numa escala de 1 a 4). A percepção do controle do diabetes foi boa (média 3,34 ± 0,72 numa escala de 1 a 4), embora mais da metade dos participantes (52,9%) tenha relatado sintomas de hiperglicemia.55
Atenção Psicossocial
R2 – É RECOMENDADO que pessoas com DM, seus familiares e cuidadores, recebam atenção psicossocial quando identificados problemas que interfiram no controle da glicemia, na autogestão do cuidado e no estresse familiar, para promover a melhora da adesão ao tratamento e da qualidade de vida.
Classe I | Nível B |
- Uma metanálise incluindo 13 estudos de coorte longitudinais (1.505 pessoas com DM2) mostrou que os fatores psicossociais adversos (apoio social precário, eventos estressores, características de personalidade, como neuroticismo, e estratégias desadaptadas de enfrentamento do estresse) foram significativamente associados a mau controle do DM1 e DM2 (coeficiente de correlação combinado, r = 0,096, p = 0,006).56
- Uma metanálise de 15 ECR com 997 jovens com DM1 e pobre adesão ao tratamento, avaliou o impacto no controle glicêmico de intervenções psicossociais que empregam jogos motivacionais e instruções diretas criando condições para resolver problemas. Os resultados mostraram uma redução média da HbA1c pré-pós tratamento apenas modesta (HbA1c 9,6% para 9,2%), embora com grande variabilidade entre os estudos. O estudo conclui que intervenções que focam apenas um único comportamento (por exemplo, frequência de aferições da glicemia), mas negligenciam processos emocionais, sociais e familiares são improváveis de terem efeito no controle glicêmico.47
- O estudo transversal DAWN, que envolveu pessoas com DM e profissionais com especialidade em diabetes (n=3.827), no atendimento primário à saúde, evidenciou que os profissionais reconheciam as frequentes preocupações das pessoas com DM, mas poucos pacientes (10%) declaravam receber atendimento psicológico. Muitos pacientes (41%) referiram condição psicológica ruim, e declararam que a presença de problemas psicológicos afetava o autocuidado do diabetes.57
- Um estudo brasileiro que avaliou o impacto do DM1 na família e na qualidade de vida dos pais (n= 1.079) por meio de questionários verificou que a maioria dos pais mostrou-se preocupada com as complicações do DM, com uma redução na qualidade de vida e declarou sentir a sobrecarga decorrente do cuidado com os filhos. O desconforto e a ansiedade/depressão foram as principais queixas identificadas e eram mais frequentes em mães do que em pais (53,4% e 37,3%, respectivamente).58
- Uma metanálise de 17 ECR (n=962) avaliou o efeito de intervenções de apoio direcionadas a pais e cuidadores de crianças/adolescentes com DM1. As intervenções abrangeram diversos tipos de treinos para promover o apoio parental, incluindo apoio psicológico e social, responsabilidades familiares e manejo de conflitos. As intervenções ocorriam entre 5 e 12 sessões com duração de 2 semanas a 12 meses. Participantes de três estudos foram submetidos a intervenções por telefone ou pela internet. As medidas de desfechos, avaliadas por questionários e escalas, incluíam: (a) desfechos psicológicos, como estresse, depressão, ansiedade, preocupação e confiança; (b) desfechos relacionados à família, como responsabilidade familiar, conflito e impacto na família e (c) desfechos sociológicos, como apoio social e qualidade de vida dos pais. Os resultados evidenciaram que estas intervenções reduziram significativamente a depressão e a angústia dos pais ou cuidadores, ajudando-os a pedir apoio social.59
Diabetes Distress
R3 – DEVEM SER CONSIDERADAS a identificação e a intervenção no Diabetes Distress (DD) para melhorar o automanejo, o controle glicêmico e a adesão ao tratamento.
Classe IIa | Nível A |
- A prevalência de DD é alta, avaliada em 42,1% em um estudo com adultos com DM1.60 e 36% em pessoas com DM2, de acordo com uma meta-análise envolvendo 55 estudos (n = 36.998).61 A prevalência de DD foi significativamente maior em mulheres (p=0,011) e nas amostras com maior prevalência de sintomas depressivos (p=0,009).61
- Em um estudo longitudinal com 253 pessoas com DM2, a análise de regressão mostrou que a presença de DD na linha de base foi associada à maior hemoglobina glicada (HbA1c) após 6 meses (β = 0,30; P < 0,001) e foi capaz de predizer um mau controle glicêmico (p<0,001) e baixa adesão aos medicamentos (p<0,011).62
- Uma revisão sistemática com 41 ECR, (n=6.650 participantes com DM1 e DM2) mostrou que as intervenções mais efetivas para reduzir o DD (aferida por escalas: Problem Areas in Diabetes Scale ou Diabetes Distress Scale) foram as aplicadas por um profissional de saúde, envolvendo psicoeducação, que ocorriam em ≥6 sessões e com ≥3 meses de duração. A entrevista motivacional reduziu menos o DD mas melhorou significativamente a HbA1c (−0,16 [−0,28, −0,04]). A psicoeducação, envolvendo DM e humor/motivação, em qualquer formato, foi significativamente associada com redução no DD.63
- Em um ECR controlado com nove meses de duração com DM1 adultos (n=301) que apresentavam elevados níveis de HbA1c e de DD, comparou-se a eficácia de uma intervenção focada no controle de emoções com uma abordagem educacional/comportamental. Os resultados mostraram que em ambos os grupos houve, de forma semelhante, grandes reduções no DD modestamente associadas com reduções, embora significativas, na HbA1c (r=0,14, p=0,01).64
- Um ECR avaliou um programa de aconselhamento em grupo (6 meses de duração) com o objetivo de abordar questões psicossociais relacionadas ao DM em adultos (idades entre 25 e 70 anos) com DM1 (n=44) e DM2 (n=19). O programa compreendeu nove sessões (1h30min cada) durante 12 meses. Os resultados obtidos por questionários mostraram que, ao final do programa, os participantes do grupo intervenção declararam estar vivendo bem com o DM (91%), com mais motivação para controlá-lo (84%), tendo adquirido mais conhecimento (84%), com mais capacidade para buscar apoio (80%) e mais otimistas (77%). A comparação da HbA1c entre os grupos intervenção e controle mostrou uma diferença significativa a favor do grupo de intervenção (p=0,045).65
Comorbidades Psiquiátricas
R4 – Em pessoas com DM É RECOMENDADO diagnosticar e tratar a depressão, a ansiedade e o diabetes distress para melhorar o controle glicêmico.
Classe I | Nível A |
- Uma meta-análise envolvendo 31 ECR (2.616 pessoas com DM2, depressão e ansiedade) mostrou que as intervenções psicossociais que diminuíram os sintomas de depressão e os sintomas de ansiedade foram associadas à melhora na glicemia de jejum, na glicose plasmática pós-prandial de 2 horas e na HbA1c.66
- Uma meta-análise de 45 ECR em pessoas com DM2 mostrou que a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) e a Entrevista Motivacional (EM) foram eficazes na redução da HbA1c [(TCC: −0,97 [IC 95% −1,37, −0,57]); EM: −0,71 [IC 95% −1,00, −0,43]). A TCC e a terapia centrada no paciente também foram associadas a reduções nos sintomas de depressão e nas taxas glicêmicas.67
- Uma revisão sistemática com 96 ECR (18.659 participantes) que avaliou os efeitos de tratamentos psicológicos, incluindo TCC, aconselhamento, terapia familiar e psicoterapia, para pessoas com DM demonstrou os seguintes resultados: (1) Na metanálise de resultados aleatórios, a avaliação dos dados de HbA1c, em 49 estudos com DM2 (n = 12.009) mostrou uma significativa diferença média agrupada de -0,21 (IC 95% -0,31 a -0,10), equivalente à redução na HbA1c de -0,33% a favor do grupo de tratamento psicológico. Para DM2, as intervenções psicológicas melhoraram o comportamento alimentar e a qualidade de vida em comparação à condição controle, mas não a pressão arterial, o índice de massa corporal e os sintomas depressivos. (2) A comparação dos vários tratamentos (network meta-analysis), considerando seus efeitos diretos e indiretos, mostrou que para adultos com DM2 (50 estudos; 12.409 participantes), a TCC e o aconselhamento foram clinicamente efetivos e a TCC a mais potencialmente custo-efetiva. 3) A metanálise dos dados individuais para o DM2 (19 estudos; 3.639 participantes) mostrou que os níveis de HbA1c basal tiveram um impacto sobre os desfechos do tratamento, com maiores valores basais associados com uma melhora mais expressiva nos desfechos posteriores à intervenção.68
- Uma revisão sistemática de 10 estudos controlados (51.331 pessoas) apontou que a prevalência de depressão foi significativamente maior em pessoas com DM2 em comparação com pessoas sem DM [17,6 vs. 9,8%, OR = 1,6, IC 95% 1,2-2,0] e nas mulheres com diabetes (23,8%) comparadas com os homens (12,8%).69
- Um estudo descritivo com 2.783 pessoas com DM2, idades entre 18-65 anos, em 14 países, identificou o diagnóstico de desordem depressiva maior em 10,6% das pessoas e níveis moderados a severos de sintomas depressivos (avaliados por um questionário) em 17,0%. A desordem depressiva maior foi significativamente associada às mulheres (P<0,0001), a um menor nível de educação (P<0,05), à prática menor de exercício (P<0,01), a altos níveis de DD (P<0,0001) e a um diagnóstico prévio de depressão maior (P<0,0001).70
- Em uma revisão sistemática de 18 estudos com 2.584 pessoas com diabetes e 1.492 sem diabetes, o transtorno de ansiedade generalizada (avaliado a partir de autorrelatos ou de respostas a entrevistas diagnósticas) mostrou-se presente em 14% das pessoas com DM; 27% apresentavam transtorno de ansiedade subsindrômico e 40% sintomas elevados de ansiedade. A prevalência de sintomas de ansiedade foi significativamente maior em mulheres (55,3% vs. 32,9%, p <0,0001) e semelhante em pessoas com DM1 vs. DM2 (41,3% vs. 42,2%, p= 0,80).71
- Um estudo transversal envolvendo 339 pessoas com DM1 e 267 com DM2, utilizando escalas para analisar as associações entre depressão (PHQ-9), DD (PAID-5) e autocuidado (DSMQ) com a HbA1c, verificou que nas pessoas com DM1, tanto os sintomas depressivos quanto os relacionados a DD apresentaram uma correlação significativa com pior automanejo (0,34, p=0,001 e 0,16, p=0,007, respectivamente) e indiretamente com maiores valores de HbA1c (0,20, p=0,001 e 0,10, p=0,016, respectivamente). Associações diretas com HbA1c não foram observadas. Nas pessoas com DM2, sintomas depressivos foram associados com automanejo ruim (0,41, p=0,001) e assim (indiretamente) com maiores valores de HbA1c (0,17, p=0,001). DD foi diretamente associado com altos valores de HbA1c (0,20, p=0,003) mas não com automanejo.72
- Uma metanálise incluindo 22 ECR (2.619 pessoas com DM1 ou DM2) mostrou que, em comparação com a condição controle, as intervenções baseadas em terapia cognitiva comportamental (TCC) tiveram um efeito maior na redução da HbA1c (-0,275%, IC 95%: -0,443 a -0,107; p <0,01; e na redução dos sintomas depressivos. As intervenções em grupo que envolveram lições de casa e gerenciamento do estresse tiveram um efeito maior sobre a HbA1c e sobre os sintomas depressivos. As estratégias comportamentais foram mais eficazes para melhorar o controle glicêmico e as estratégias cognitivas, para os sintomas depressivos. Os resultados da análise dos subgrupos sugerem que é necessário adotar diferentes componentes da TCC de acordo com a população e a finalidade do tratamento.73
- Um estudo longitudinal incluindo 205 DM1 adultos utilizando uma escala para avaliar depressão (PHQ-8) verificou que os sintomas depressivos foram associados a uma redução no comportamento de autocuidado e isto foi capaz de predizer complicações microvasculares. Os sintomas depressivos também foram capazes de predizer maiores valores de HbA1c num seguimento de quatro anos. Esses dados sugerem que deve-se considerar o impacto potencial da depressão no autocuidado de pessoas com DM1.74
Nota importante: Quando suspeitar de transtorno de ansiedade
- Se há confusão da pessoa com DM entre os sintomas de hipoglicemia com os de ansiedade;
- Se há exacerbação de ansiedade por medo preexistente de agulhas;
- Se as glicemias são mantidas propositalmente acima dos níveis recomendados por medo de hipoglicemia;
- Se a pessoa está sendo exposta a estressores não diretamente associados ao diabetes.
Medo de Hipoglicemia
R5 – É RECOMENDADA a identificação do medo de hipoglicemia nas pessoas com diabetes, seus cuidadores, e nos pais de crianças com DM1 por interferir nas atividades diárias, no autogerenciamento do diabetes, no controle glicêmico e na qualidade de vida.
Classe I | Nível B |
- A hipoglicemia é a complicação aguda mais comum em pessoas com DM que utilizam insulina. Suas potenciais sequelas, a curto e longo prazo, podem fazer com que os jovens e seus pais desenvolvam o medo de hipoglicemia.75
- Uma revisão sistemática de 29 estudos transversais envolvendo adultos com DM2 (tratados ou não com insulina) mostrou que a hipoglicemia grave estava associada com maior medo de hipoglicemia e com a diminuição do bem-estar emocional, do status de saúde e da qualidade de vida relacionada ao diabetes. A associação da hipoglicemia grave com medo de hipoglicemia foi mais forte do que com o status de saúde geral.76
- Um estudo transversal com 325 indivíduos com DM1 (idades entre 2 e 18 anos) mostrou que os respectivos pais com maiores níveis de medo de hipoglicemia relataram que seus filhos tinham reduzida qualidade de vida (p<0,001). As crianças com altos níveis de medo de hipoglicemia também relataram redução na qualidade de vida (p<0,001).77
- Dados agregados de cinco estudos com 259 jovens com DM1 e 250 pais de pacientes com DM1 mostraram que o medo de hipoglicemia está associado a um aumento na frequência de aferições de glicemia e a uma redução na frequência de aplicações da insulina e nas suas doses. Estas ações podem ocasionar a elevações inadequadas dos níveis glicêmicos, na tentativa de prevenir episódios hipoglicêmicos.78
- Um ECR para avaliar uma estratégia de redução do medo de hipoglicemia (MH) em pais de crianças com DM1 (22 no grupo intervenção e 21 no grupo controle) empregou um vídeo com base na TCC. Um psicólogo auxiliava os pais a reconhecer pensamentos e comportamentos relacionados ao MH, a desenvolver uma hierarquia de situações relacionadas ao MH e a refinar estratégias de enfrentamento do estresse, como também praticar exposições imaginárias ou in-vivo a situações relacionadas ao MH. Além disso, os pais revisaram as estratégias de manejo do DM1 e aprenderam como modificar os comportamentos dos filhos. Os resultados mostraram uma redução significativa no MH (p= 0,04), mantida após três meses, a favor do grupo intervenção, e redução na frequência de identificação de estresse (p<0,01) em comparação com os relatos pré-intervenção. Os resultados, incluindo também a intervenção no grupo controle, mostraram diferenças significativas no MH, na frequência de identificação de estresse (p<0,001) e uma redução significativa na HbA1c das crianças (p<0,05).79
Transferência de Cuidados
R6 – É RECOMENDADO aconselhar os pais de jovens com DM1 a participarem do tratamento de seus filhos de forma corresponsável e oferecerem suporte, encorajamento e monitoramento do autocuidado, de modo que a transição da responsabilidade pelo tratamento do DM1 ocorra de maneira gradual e contínua no início da vida adulta.
Classe I | Nível B |
- Um estudo que analisou registros de envolvimento parental e adesão ao tratamento de 252 jovens (idade entre 10 e 14 anos) com DM1 mostrou que o maior número de ações de monitoramento e a qualidade do relacionamento de ambos os pais foi um importante preditor de boa adesão. Relatos de envolvimento dos pais na monitoração foi relacionado a menores níveis de HbA1c.80
- Um estudo com 132 adolescentes com DM (idade média 12,1 anos) aplicou nos pais um questionário sobre a divisão do cuidado do DM pelos membros familiares, o estresse psicológico e os desfechos do tratamento. Os resultados mostraram que jovens de famílias, nas quais havia uma relação pais-filho colaborativa (com altos níveis de coesão familiar, estilo parental participativo, monitorização parental, divisão de responsabilidades para o manejo do diabetes e solução colaborativa para enfrentar as dificuldades), apresentaram menos sintomas depressivos, frequência maior de autocuidado, melhor adesão ao tratamento e melhor controle glicêmico.81
- Uma revisão sistemática com 38 estudos (longitudinais, observacionais, transversais, qualitativos) mostrou que o compartilhamento da responsabilidade pelo cuidado do DM entre pais e filhos está associado a melhores resultados no controle do DM. O envolvimento dos pais no controle do DM dos filhos deve ser avaliado não apenas na frequência, mas também no tipo (monitoramento, resolução de problemas) e na sua qualidade (afetuoso, crítico). Essas descobertas indicam que os pais devem evitar irritações e sermões e, em vez disso, fornecer recompensas claras e consistentes para o controle do diabetes.82
- Um estudo observacional com 135 duplas pais-filhos (10-16 anos de idade, DM1 ≥ 6 meses) mostrou que a responsabilidade compartilhada foi associada a um melhor controle glicêmico em adolescentes mais velhos, mas não em adolescentes mais jovens. A responsabilidade compartilhada foi associada à menor variabilidade glicêmica, enquanto a responsabilidade exclusiva dos pais esteve associada à maior variabilidade glicêmica e ao risco de maiores excursões glicêmicas.83
- Um estudo qualitativo examinou as necessidades e perspectivas sobre a transição de cuidados de adolescentes para jovens adultos com diabetes. O estudo incluiu participantes com DM1 que tinham idades entre 14 a 25 anos (n = 47), os pais (n = 37) e os profissionais de saúde (n = 32), mostrando que a suspensão prematura do envolvimento parental leva a resultados que podem comprometer os cuidados com o DM. Além disso, a quantidade de preparação e o grau em que a mudança de responsabilidade havia ocorrido, antes da transição, pareceu influenciar o sucesso da transição.84
Tabela de Recomendações
RECOMENDAÇÕES | CLASSE | NÍVEL |
R1 - É RECOMENDADO que os profissionais de saúde façam um acolhimento colaborativo, com empatia e isenção de julgamento, centrado na pessoa com DM, para que esta possa desempenhar papel ativo no planejamento, no monitoramento e na avaliação das dificuldades e nos cuidados com sua condição metabólica. | I | A |
R2 - É RECOMENDADO que pessoas com DM, seus familiares e cuidadores, recebam atenção psicossocial quando identificados problemas que interfiram no controle da glicemia, na autogestão do cuidado e no estresse familiar, para promover a melhora da adesão ao tratamento e da qualidade de vida. | I | B |
R3 - São RECOMENDADAS a identificação e a intervenção no Diabetes Distress para melhorar o automanejo, o controle glicêmico e a adesão ao tratamento. | IIa | A |
R4 - Em pessoas com DM É RECOMENDADO diagnosticar e tratar a depressão, a ansiedade e o diabetes distress para melhorar o controle glicêmico. | I | A |
R5 - É RECOMENDADA a identificação do medo de hipoglicemia nas pessoas com diabetes, seus cuidadores, e nos pais de crianças com DM1 por interferir nas atividades diárias, no autogerenciamento do diabetes, no controle glicêmico e na qualidade de vida. | I | B |
R6 - É RECOMENDADO aconselhar os pais de jovens com DM1 a participarem do tratamento de seus filhos de forma corresponsável e oferecerem suporte, encorajamento e monitoramento do autocuidado, de modo que a transição da responsabilidade pelo tratamento do DM1 corra de maneira gradual e contínua no início da vida adulta. | I | B |
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Cite este artigo
Rodrigues G, Malerbi F, Pecoli P, Forti A, Bertoluci M. Aspectos psicossociais do diabetes tipos 1 e 2. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2023). DOI: 10.29327/557753.2022-23, ISBN: 978-85-5722-906-8.